terça-feira, 26 de janeiro de 2010

domingo 24/01

Eu acampei, foi a sensação que tive quando percebi o sol.
E eu estava muito feliz, concluí quando com um beijo recebi “bom dia”.
Fomos os três para praia, não se via muitas pessoas por lá, mas tinha a mata nativa, tinha um mar imenso, tinha uma bica d’agua doce, tinha minha amiga, tinha ele deitado no meu colo e tinha um vento forte que cheirava liberdade.
Mas eu me sentia cansada, não tinha dormido, não tinha comido, queria deitar na cama e dormir por 2 horas, mas me sentia triste quando lembrava que amanhã iria embora e seriam duas horas de felicidade que eu perderia.
Fomos beber uma cervejo no lugar que nos conhecemos, de repente começou a me bater uma tristeza, a antecipação da partida, o medo de nunca mais viver aquilo.
Cantamos “João e Maria”, e quando chegou o verso final, dois companheiros de bar se sentaram na mesa, a conversa engrenou e meu sono também, pensei que aquele era o momento de ir para o quarto, mas quando falei com ele, afirmou também estar cansado e fomos juntos para a barraca. 
Eu não consegui dormir, ele sim, comecei a pirar, 36 horas sem dormir, sem comer e bebendo, a ilha, aquela felicidade incontrolável, sentir a respiração dele no meu ouvido, e o medo desesperador da partida que a cada hora se tornava mais próxima.
De repente pânico, eu precisava sair dali, precisava voltar ao mundo real, mesmo que fosse na pousada com minha amiga.
Tentei acordá-lo várias vezes, sem sucesso, pensei em apenas ir, acabaríamos nos encontrando, era uma ilha.
Mas tive medo, tive medo que o destino jogasse contra, tive medo de nunca saber o final, tive medo do nunca mais.
O sono dele era pesado, pensei que pudesse dormir até o dia seguinte, o dia da minha partida, tentei de novo, dessa vez pedi que se despedisse de mim, e então ele se levantou.
Não ia ser aquele o momento da despedida, íamos nos ver a noite, ele tinha acordado.
Fui para a pousada e voltaríamos a nos encontrar em uma hora.
Chegamos no bar e ele não chegava, era o único que não chegava…
Já éramos namorados para a “ilha”, e todos me perguntavam aquilo que eu mais gostaria de saber; aonde ele estava?
Quando me sentia quase convencida e convencendo a todos, que ele tinha dormido, lá vinha ele na grama molhada, iluminado pela lua, e com aquele sorriso lindo, que acalmou meu coração.

Essa noite chorei de rir, mesa cheia, tinha um besouro gigante, tinha um duende que cuspia fogo, e que nos dizia que éramos um monge e uma fada, eram poucas pessoas, pouco mais de meia dúzia, e eram tão especias, tão únicas… tão parte daquele lugar mágico, que tudo aquilo podia fazer parte de uma história do Gabriel Garcia Marquez.

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